DE REPENTE, ADULTO!...

Foto: Hápice Produções.

De repente, eu acordei em um corpo diferente; eu tinha pelos, barba, alguns anos a mais e uma “enxurrada” de responsabilidades para dar conta. Tem sido estranho, tendo em vista que até pouco tempo a minha única preocupação era ir para a escola e a noite, me encontrar com alguns amigos na praça para brincar de tica, esconde-esconde, garrafão e... tantas outras brincadeiras que só nós sabíamos o quanto eram divertidas. E, agora, me vejo morando só. Eu tenho que fazer minha comida, arrumar a casa, fazer compras, trabalhar e, de quebra, ainda preciso dar conta das burradas que o coração de quem é "grande" se mete. Às vezes penso que não vou conseguir, entro em desespero, me tranco em meu quarto, e cai algumas lágrimas silenciosas. Quando eu era criança, chorava alto para que todos ouvissem, era uma forma de chamar a atenção; hoje, as lágrimas saem pelo canto do olho, silenciosamente; isso, quando não nos seguramos para não chorar. No mundo das pessoas "grandes", chorar parece ser símbolo de fraqueza; ainda bem que a maturidade do tempo não me deixou com pensamentos caretas; eu choro mesmo! Sem medo ou vergonha. A vida das pessoas "grandes" parece uma eterna repetição; você acorda, passa o dia no trabalho, chega e vai descansar porque no outro dia tudo irá se repetir, com algumas pequenas alterações entre um minuto e outro; mas, não muito diferente do dia anterior. Quando chega o final de semana, as pessoas "grandes" tendem a se trancarem em seus quartos; elas querem descansar porque uma nova semana irá se iniciar assim que acabar aquele sábado e aquele domingo; as pilhas precisam estar recarregadas. Sim, alguns tendem a encherem a cara e sair por aí, sem destino; quer saber? Eu admiro a coragem desses caras, às vezes até os invejo. Algumas pessoas "grandes" se casam logo, tem filhos e seguem aquela vida “clichê” de ser; outras, preferem dar tempo ao tempo e deixar que as coisas aconteçam de uma forma diferente. Na maioria das vezes, as pessoas "grandes" vão sentir falta de um colo de mãe, de um abraço de pai e daqueles apertos de mãos de um irmão; por algum motivo a vida os separou. Ser "grande" não é ruim, ruim deve ser para aquelas pessoas, que mesmo "grandes", não param para contemplar a beleza das coisas nas pequenas coisas; que receiam fazer algo que queria muito por medo de ferir outro alguém. Descobri quando "grande" que a vida é curta demais e que, daqui a pouco, eu poderei não estar mais aqui, e aí? Diante de tudo isso, no fundo, o que queremos, é somente ser felizes! Você já parou para refletir que de cada situação você consegue extrair um pouco de felicidade? Mesmo dos momentos de dor? Não importa se os dias estão parecendo iguais com um sábado e um domingo no meio, tente encontrar beleza nas entrelinhas de cada minuto; à noite, no seu quarto, você irá perceber que são os pequenos momentos que fazem a diferença quando você for contabilizar tudo o que viveu até agora.

_ TRINDADE, Elton.

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Texto publicado em 22 de outubro de 2017, em minha página no Facebook.

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