IDENTIDADE PRÓPRIA - POR ELTON TRINDADE

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As pessoas que tudo suportam passam a ser vistas de outra forma, quando “explodem” diante de uma determinada situação. Ninguém vai parar para refletir sobre o quanto ela vem aguentando, o quanto vem se doando, mas é só ela se rebelar e ponto, parece que acabou o encanto.

As pessoas vão te moldar ao gosto delas, cada pessoa a sua volta tem uma percepção diferente de você, um ponto de vista e, automaticamente, um pré-julgamento é feito; melhor dizendo: vários pré-julgamentos. Alguns de caráter positivo, portanto construtivo; outros de caráter negativo, com finalidades destrutivas.

Eu quero chegar no seguinte pressuposto: Não viva para tentar agradar todo mundo. Você não é responsável por aquilo que as pessoas criaram sobre você, você é responsável por aquilo que é próprio da sua identidade. Se esforçar para caber dentro de uma “caixa” é para pessoas sem identidade própria, seria esse o seu caso? Seria você uma pessoa sem identidade?

Quando uma pessoa me elogia muito eu tenho um certo receio; geralmente isso parte de pessoas que nos conhecem por “cima”, de forma artificial. Eu fico pensando: será que continuará me elogiando quando me vir em um dia atípico? Será que continuará me “venerando” quando perceber que sou uma pessoa “difícil”? A palavra difícil aqui tem uma explicação um tanto quanto que peculiar. Quando eu falo que eu sou uma pessoa “difícil”, eu estou dizendo que eu não sou o tipo de pessoa que alguém conseguiria “manipular” facilmente; pessoas autênticas, de personalidade forte e dona de sua própria identidade, são vistas por pessoas sem identidade própria, como pessoas “difíceis” de lidar.

Você já teve alguma amizade avassaladora? Aquele tipo de amizade que mata e morre por você? O que aconteceu quando, por circunstâncias da vida, vocês passaram a seguir rotas diferentes? Ela aceitou como algo natural? Vocês quando se vêm é como se nunca tivessem deixado de se ver, ou ela passou a te difamar para outras pessoas? Pessoas assim, que dão o “sangue” de forma doentia pelo outro, a ponto de se anular ou ficar dependente, geralmente são pessoas sem identidade própria; a amizade que elas nutrem por outro ser, de forma a querer limitar o outro a ela, a ponto de declarar mil amores nas redes sociais, etc., seria uma forma de substituir algo que falta nelas como, por exemplo: amor próprio, identidade de si mesma, maturidade...

Você não precisou fazer nada, você simplesmente seguiu o percurso da vida e se demonstrou maduro para entender tudo que acontecia, porém, para o outro, você é um ingrato, falso, etc. Diante de tal situação, quem é convicto de sua identidade própria e quem não?

Certo, isso as vezes incomoda as pessoas de identidade própria, elas não queriam que fosse assim; o desejo delas é que o outro tenha a mesma visão que elas têm, uma visão madura da situação ou, das situações. Embora essas pessoas tenham esse desejo, isso não pode e não deve interferir no seu bem-estar. Não podemos sair por aí tentando fazer com que as pessoas enxerguem determinadas situações como nós a enxergamos, cada um com sua forma deturpada ou não de enxergar os fatos. Você não é responsável por aquilo que as pessoas criaram sobre você, você é responsável por aquilo que é próprio da sua identidade. Viver se justificando é típico de pessoas sem essa identidade própria.

Portanto, não se limite por medo de machucar, não se anule por achar que vai desagradar, não deixe de ser você ou de fazer o que gosta por medo de decepcionar; as pessoas à sua volta precisam entender que cada um de nós carregamos o que chamamos de digitais, e as digitais são únicas em cada ser humano; em nenhum lugar no planeta eu vou encontrar digitais iguais as minhas; isso nos torna únicos no teatro da existência. Se o criador do universo te fez um ser único e se preocupou para que não existisse outro de você, porque você teria que se anular ou “matar” sua própria identidade para caber dentro de uma “caixa” que não te pertence? Isso o sufocaria e o levaria a “morte”.

As pessoas precisam aprender a enxergar o outro além do superficial e, entender que somos seres imperfeitos, portanto, humanos, porém, isso não nos torna melhor ou pior que qualquer outro na face da terra, isso nos torna únicos. Ninguém precisa se anular ou, matar sua própria identidade para ser aceito. Todo mundo tem seus altos e baixos, erros e acertos, dias felizes e dias tristes... “Fulano” é perfeito! Não, “Fulano” não é perfeito! Porque quando “pintamos” o outro ao nosso modo e o outro faz algo que nos decepciona, onde está o erro, no outro ou em você? Em você! O outro sempre foi o outro, você que depositou nele algo que não era dele. Lembre-se: você não é responsável por aquilo que as pessoas criaram sobre você, você é responsável por aquilo que é próprio da sua identidade. Ninguém toma a identidade de ninguém! Nossa, “Fulano” fez algo que eu nunca pensei. Você se decepcionou com você mesmo. É preciso entender todo o contexto no entorno do fato especifico que “fulano” fez que o decepcionou. Não deixe de levar em consideração que não foi o “Fulano” que o decepcionou, foi você quem depositou no “Fulano” suas expectativas e, quanto ao fulano? “Fulano” não é responsável por aquilo que as pessoas criaram sobre ele, ele é responsável por aquilo que é próprio da sua identidade.

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Autor: TRINDADE, Elton.

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